A capacidade instalada de geração distribuída a partir da fonte solar fotovoltaica superou 1 gigawatt (GW) no Brasil, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Nesse tipo de geração, a energia pode ser produzida remotamente, desde que dentro da mesma área de concessão, ou diretamente na unidade consumidora. A energia não consumida imediatamente é injetada na rede, e transformada em desconto na conta de luz.
No total, são 94,2 mil unidades de geração instaladas no país, gerando créditos para 118 mil unidades consumidoras. Neste, a capacidade instalada desse tipo de geração subiu 70,9%. O ritmo de crescimento acelerou neste ano diante das discussões de mudanças nas regras para geração distribuída. A expectativa é que as alterações entrem em vigor no próximo ano, com possível redução da atratividade dos empreendimentos por meio da redução de subsídios, o que fez com que muitos consumidores antecipassem a decisão de investir em módulos fotovoltaicos.
O presidente executivo da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria, disse esperar que a Aneel aperfeiçoe a regulação relativa à geração distribuída GD para que os usuários de projetos do tipo paguem pelo uso da rede de distribuição no futuro. “Não dá para não ter uma cobrança do fio para GD”, disse. Segundo Faria, hoje, o subsídio para quem usa GD está em torno de R$ 400 mil. Mas, se nada for feito, explicou, esse impacto pode chegar a algo entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões, em 2023.
Para Ronaldo Koloszuk, presidente do conselho da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o ritmo de crescimento da geração solar distribuída seguirá acelerado mesmo com uma eventual mudança nas regras. “O que causa o crescimento não é apoio do governo, mas a questão econômica. Houve uma redução muito agressiva dos preços dos componentes dos sistemas, principalmente os módulos fotovoltaicos”, afirmou. Segundo ele, a marca de 1 GW é importante, mas ainda há espaço para um crescimento substancial no país.
Minas Gerais é o Estado que concentra a maior parte dos empreendimentos, tendo atingido 197 megawatts (MW), por meio de 19,6 mil empreendimentos. Em seguida, aparece o Rio Grande do Sul, com 159,4 MW em 13,5 mil unidades. São Paulo é o terceiro Estado, com 127 MW e 16,3 mil instalações.
Segundo a Absolar, os consumidores residenciais lideram a lista, com 73,8% do total. Em seguida, aparecem setores de comércio e serviço, com 17,3%. A entidade calcula que os investimentos em geração solar distribuída no país já somam R$ 5,6 bilhões desde 2012, quando foram definidas as regras para esse tipo de geração.
Acompanhando o crescimento da geração distribuída, grandes empresas de geração de energia tem apostado em projetos, como AES Tietê, CPFL, EDP e Energisa. Na semana passada, Furnas, controlada da Eletrobras, disse que está investindo R$ 11,6 milhões na construção de três usinas de 1 MW cada. O investimento é para autoconsumo da companhia. Mas a estatal, conhecida pelo seu parque hidrelétrico, quer adquirir experiência para investir de forma mais significativa no segmento solar no futuro.
Fonte: Valor Econômico - Camila Maia e Rodrigo Polito | De São Paulo e do Rio