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Povoado quilombola em AL recebe energia elétrica pela primeira vez após mais de 100 anos

 

 

A comunidade quilombola Pixaim, em Piaçabuçu, município do litoral sul de Alagoas, esperou mais de 100 anos pela chegada da energia elétrica no povoado, que é o último território banhado pela águas do Rio São Francisco. A situação só mudou após a instalação de placas de energia solar no povoado que passou mais de um século tendo o candeeiro e vale como fontes de luz quando escurecia.

O povoado Pixaim fica sobre as dunas da Área de Proteção Ambiental (APA) de Piaçabuçu. Segundo relatos do moradores, o povoado existe há mais de um século. Em 2005, o Pixaim foi certificado como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares. Atualmente, 43 famílias moram no local.

 

A vida no Pixaim nunca foi fácil. Os moradores que resistiram contam que falta o básico. Com a chegada da energia elétrica, a comunidade ainda estão se acostumando a situações do dia-a-dia para a maioria das pessoas, como ter lâmpada acesa e geladeira em casa.

O presidente da Equatorial Alagoas, Humberto Soares, explica que a localização da comunidade não permitia que a energia elétrica convencional, com postes e rede, fosse instalada no local. Placas solares começaram a ser instaladas no povoado há dois meses. Atualmente, todas as comunidades da comunidade têm energia.

"Esse equipamento gera energia durante o dia, armazena energia em uma bateria e a comunidade pode utilizar durante a noite também. Estudamos tecnicamente como poder atender. Uma rede elétrica convencional tem uma dificuldade muito grande de atender a essa comunidade. Existem muitas dunas. Existe muita água. Então a tecnologia adequada agora está acontecendo, que é a energia solar", afirma.

O agricultor Antônio dos Santos passou 40 anos da vida utilizando a luz do candeeiro durante a noite em casa. Ele se encanta em agora ter a casa com energia e trocou o candeeiro por lâmpada e interruptor.

"Esse sonho da gente aqui quilombola não é de dois dias. É de muitos anos, porque eu tenho 40 anos e desses 40 anos que eu tenho de vida aqui, que eu nasci aqui, que a gente espera por essa energia. Veja o tempo, né. Muitas pessoas faleceram esperando por esse energia e não chegou. Como eu sou dos mais novos, estou vendo, né", conta.

Antônio conta como era a rotina com o candeeiro e sem geladeira. "Clareia muito pouco. Você não vê quase nada. A gente não conseguia armazenar comida. A gente pescava hoje e se não quisesse salgar, tinha que comer tudo hoje. Aí tinha salgar o peixe, botar no sol, botar em um balainho dentro de casa para ir comendo durante os dias", relata.

O agricultor explica que ter energia na comunidade possibilitou a mudança de toda uma vida. " Tem mais valor para a gente do que é o ouro. Isso aí trouxe tudo para nós. É outra vida. Na verdade, até a saúde muda, porque quando a gente come muita comida salgada, a gente aqui sofre muito de pressão alta e a pressão alta é por conta do sal. E agora a vida vai ser outra".

A aposentada Maria Antônia dos Santos conta que agora está feliz em poder ter uma geladeira em casa.

"Feliz. Muito feliz. Vai mudar tudo. Vai mudar, não. Já mudou. Antes iluminava com vela ou candeeiro e agora tem luz dentro de casa. Não tinha onde guardar nada. Se tratasse um peixe tinha que salgar. Botar no sol para comer seco, porque não tinha geladeira e agora Graças a Deus tem", conta.

Esta matéria foi publicada pelo G1. Clique aqui e confira a notícia.

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